Depoimento do Pérsio: Um conto

Um Conto


Já faz um bom tempo, desde que peguei um livro para ler sozinho, talvez eu devesse ter por volta de 8 ou 9 anos de idade, não lembro mais, o peso do tempo passado não me permite essas lembranças de tanto tempo atrás.


Lembro-me que foi uma aventura, não lembro o autor e nem o nome do livro, mas o título dessa estória era Zazá, e relatava as aventuras de uma menina chamada Zazá interagindo com os seres da natureza de onde ela morava, com figuras coloridas e bonitas, lembro vagamente da imagem de Zazá com sardas e cabelo preso como rabo de cavalo, havia espaços em branco para que completássemos escrevendo algo do que a imagem representava, as cores e as formas


Lembrando desse momento tão importante em minha vida, verifico com saudades a infância passada no interior de São Paulo, do ambiente caseiro, da vida calma e também da importância da professora que fez esse milagre: fazer eu ler e escrever. Já não lembro mais o seu nome, nem seu rosto, pouco me lembro da sala de aula ou dos colegas de classe, mas se hoje sou alfabetizado é graças a essa alma generosa que com certeza teve paciência de me ensinar a dar os primeiros passos na leitura e na escrita.


Recordo vagamente que na fase inicial dos primeiros conhecimentos, usávamos uniformes: um shorts azul e uma camiseta branca com o logotipo da escola. Brincávamos à hora do recreio, após comer o que mamãe havia preparado e colocado na lancheira, não faltava o leite com groselha.


Com certo esforço vou recordando que nas aulas de Língua Portuguesa, a professora começa a ler um texto e depois cada aluno continuava essa leitura em voz alta. Todos liam, gostávamos de ler e acompanhávamos a leitura, cada qual com o seu livro. Todos queriam ler, pois havia um sabor de triunfo em ler corretamente e não ser corrigido pela professora. Haviam os ditados, as cópias de livros a leitura silenciosa e as redações.


Não lembro mais o nome do grupo Escolar que abriu as portas para a minha alfabetização,mas a primeira leitura sozinho, essa eu não esqueço.